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Simone Tebet defende corte de isenções fiscais: ‘Mexer com o andar de cima’

Foto: Divulgação

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira (8/7), durante participação em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, que o ano de 2026 será desafiador, mas ressaltou que as metas definidas pelo Governo Federal são factíveis, baseadas em cálculos realistas. Tebet afirmou que o Executivo tem compromisso com o cumprimento das regras do Arcabouço Fiscal e com a sustentabilidade da dívida pública. 

A audiência pública na CMO – à qual estiveram presentes o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, e o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Gustavo Guimarães – foi realizada para o debate do Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado ao Congresso Nacional em abril. O projeto traz, entre seus destaques, a meta de resultado primário de superávit R$ 34,3 bilhões, o correspondente a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

A projeção é de que as receitas primárias em 2026 atinjam R$ 3,197 trilhões (23,3% do PIB).  Desse montante, R$ 2,107 trilhões (15,4% do PIB) se referem às receitas administradas pela Receita Federal. A previsão para as despesas primárias é de R$ 2,593 trilhões (18,9% do PIB), com as despesas obrigatórias atingindo R$ 2,385 trilhões (17,4% do PIB) e as despesas discricionárias ficando em R$ 208 bilhões (1,5% do PIB).

Estrangulamento entre receitas

“As despesas obrigatórias estão estrangulando as discricionárias”, frisou a ministra. Ela apontou que “as receitas não estão superestimadas” e que “as despesas não estão subestimadas”. E acrescentou: “Os cálculos estão muito bem assentados em evidências”.

As despesas obrigatórias são aquelas que o Governo não pode deixar de realizar, por determinação constitucional ou legal. São exemplos: o pagamento de salários e aposentadorias, os encargos da dívida pública e as transferências para estados e municípios. Já as discricionárias dizem respeito às despesas em relação às quais o Governo tem liberdade para decidir sobre a execução. 

Em sua exposição aos parlamentares presentes, Simone Tebet confirmou que a projeção de crescimento do PIB em 2026 é de 2,50% (enquanto, para 2025, o aumento previsto é de 2,31%). “Estamos projetando com muito realismo”, declarou a ministra. Sobre o salário-mínimo, atualmente em R$ 1.518,00 e previsto para passar a R$ 1.630,00 em 2026, destacou: “É o maior salário-mínimo dos últimos 50 anos em termos reais”.

Justiça tributária

A ministra defendeu a revisão dos gastos tributários (valores que o Governo deixa de arrecadar com a concessão de benefícios fiscais). “Já mexemos muito com o andar de baixo. Nunca se conseguiu mexer com o andar de cima”. Essa revisão contribuiria para o aumento da arrecadação, acentuou Tebet, que relatou existirem hoje cerca de 150 tipos de gastos tributários no país. De acordo com a ministra, se fossem cortados 5% dos gastos tributários, seriam recolhidos aos cofres públicos aproximadamente R$ 20 bilhões.

A ministra aproveitou a ocasião para falar da relação entre o Governo Federal e o Parlamento. Relembrou avanços importantes para o país, resultantes dos esforços conjuntos empreendidos pelos dois Poderes, e elencou a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, o Arcabouço Fiscal, que substituiu o Teto de Gastos, e a Reforma Tributária, instituída pela Emenda Constitucional 132, promulgada em dezembro de 2023.

“A Reforma Tributária terá um impacto muito positivo no crescimento do PIB”, disse a ministra, que pontuou: “Com serenidade e com diálogo, deixando as diferenças partidárias e ideológicas de lado, e pensando mais naquilo que nos une do que naquilo que nos diferencia, nós temos soluções para todos os reais problemas do Brasil”.Categoria

Fonte: Finanças, Impostos e Gestão Pública

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