A safra 2025/2026 de cana-de-açúcar segue enfrentando desafios no Centro-Sul do Brasil. Segundo dados divulgados pela UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a moagem na primeira quinzena de junho totalizou 38,78 milhões de toneladas, volume 21,49% inferior ao registrado no mesmo período do ciclo anterior. No acumulado até 16 de junho, foram processadas 163,58 milhões de toneladas, representando queda de 14,33%.
O diretor de Inteligência Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues, destaca que as chuvas concentradas em estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e nas regiões de Araçatuba e Assis, em São Paulo, prejudicaram a colheita e impactaram diretamente o volume processado. Mesmo com 95% das usinas em operação, a safra ainda não conseguiu atingir o ritmo esperado.
Produção de açúcar e etanol também cai
Na quinzena, a produção de açúcar foi de 2,45 milhões de toneladas, contra 3,15 milhões no mesmo período do ano passado, uma redução de 22,12%. Desde o início da safra, o acumulado já soma 9,40 milhões de toneladas, com retração de 14,63% frente ao ciclo anterior.
O etanol também registrou forte queda: foram 1,78 bilhão de litros na primeira metade de junho, sendo 1,10 bilhão de hidratado (-17,97%) e 677,59 milhões de anidro (-26,97%). No total da safra, a produção de etanol chegou a 7,50 bilhões de litros, com retração de 14,21%.
Apesar da queda geral, o etanol de milho vem crescendo: foram 356,98 milhões de litros produzidos na quinzena (+16,54%), e 1,80 bilhão de litros no acumulado da safra (+22,02%).
Vendas em baixa, mas etanol segue competitivo
As vendas totais de etanol caíram 13,92% na primeira quinzena de junho, somando 1,26 bilhão de litros. O hidratado recuou 15,93% (803,95 milhões de litros) e o anidro caiu 10,18% (460,01 milhões de litros). No mercado doméstico, o hidratado comercializado pelas usinas atingiu 779,90 milhões de litros (-16,58%) e o anidro 442,61 milhões (-11,46%).
No acumulado da safra, foram vendidos 7,02 bilhões de litros, com queda de 4,47%. Ainda assim, o etanol segue competitivo: o preço médio nos postos está em 67,4% do valor da gasolina, o que favorece a escolha do biocombustível em diversos estados, como MS, MT, SP, PR e MG.
Segundo Luciano Rodrigues, a recente decisão do governo de elevar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% a partir de 1º de agosto também deve impulsionar a demanda nos próximos meses.
“A ampliação da mistura vai gerar menor emissão de gases de efeito estufa, aumentar a octanagem da gasolina e fortalecer a produção nacional de combustíveis renováveis”, afirmou o executivo da UNICA.
CBios e fiscalização ganham força
Até 27 de junho, foram emitidos 21,28 milhões de CBios em 2025. No total, há 26,82 milhões de créditos disponíveis, o que representa 76% da meta anual exigida pelo RenovaBio.
Um novo movimento da ANP também reforça a seriedade do programa: foi publicada a lista de distribuidoras inadimplentes, que não poderão mais comprar combustíveis de produtores certificados até regularizarem sua situação. A medida visa garantir a integridade do RenovaBio, considerado um dos programas de descarbonização mais robustos do mundo.
Fonte: Canal da cana