A última semana, antes do primeiro turno das eleições municipais de 2024, promete ser marcada pelo acirramento das disputas para prefeito e pela intensificação das campanhas nas ruas. Para especialistas, os últimos dias antes do pleito são os mais importantes e podem alterar o que as pesquisas eleitorais revelam até o momento.
A coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maíra Gular, revela as estratégias para a campanha dos candidatos a vereador.
“Nessa última semana, eles fazem uma intensificação da campanha de rua e fazem seu número chegar ao eleitor. O eleitor pode até ter um conhecimento prévio do vereador, porque vereador é um político mais próximo do eleitorado, mas o número e essa informação mais ativa para a pessoa inserir na urna é na última semana. Já na disputa pelas prefeituras, ela avalia que ainda há um grande contingente de eleitores indecisos a ser conquistado. Com a proximidade do pleito, o desespero pode alavancar a disseminação de fake news. Ou disseminação de vídeos e conteúdo nas redes, por parte dos apoiadores, para que os eleitores sejam agentes de mobilização, estratégias em WhatsApp que são muito significativas para mudanças de resultados das pesquisas na última semana de pleito. Começa a ter esse engajamento do tio do Zap bombardeando os outros de fake news e isso tem algum resultado nesse grupo da família, nesse grupo de amigos. Então essa ativação de mobilizadores individuais que não são necessariamente militantes, mas que vão começar a se engajar na campanha e podem ser significativos na mudança dos votos daqueles que estão mais próximos de si. Outra estratégia podem ser os ataques a adversários que lideram as pesquisas ou mesmo uma campanha pelo voto útil, que visa tirar um candidato de outro espectro ideológico do segundo turno ou evitar a reeleição.”
Para o professor de Ciência Política da FGV, Cláudio Couto, ainda há espaço para mudanças significativas em relação aos atuais resultados das pesquisas eleitorais. Porque a gente vê candidatos que entraram em rotas diferentes daquelas que se verificaram anteriormente, candidatos que, por exemplo, no começo da campanha apareciam em níveis muito altos, mas talvez por recall, porque já foram candidatos em eleições anteriores, acho que caso de Fortaleza tem esse tipo de situação, o prefeito, aquele candidato que é policial militar, todos eles aí declinando ao longo da campanha, na medida em que os outros nomes aparecem, e aí alguns nomes que se tornaram conhecidos nesse momento, que tiveram algum tipo de capacidade de produzir fato novo na campanha, podem se beneficiar de um. De uma migração mais acelerada de votos de eleitores nessa reta final e isso claro pode produzir algum tipo de surpresa.
O professor não acredita no acerramento ainda maior da disputa onde o clima já está muito quente como em São Paulo, mas em outras capitais, fatos novos podem mudar o cenário. Se houver algum fato retumbante, alguma situação muito particular que produz ali um ânimo distinto no eleitorado, que seja muito desgastante para algum candidato, isso claro pode produzir também efeitos importantes, por isso que se alguém tiver ali uma bomba atômica para soltar, imagino que vai deixar para soltar agora logo na reta final, se bobear até as vésperas do fim da propaganda no rádio, na TV, para que os adversários não tenham tempo de reagir.
As eleições para vereador e prefeito em todo o país estão marcadas para o próximo domingo 6 de outubro. As urnas estarão abertas das 8 da manhã às 5 horas da tarde.